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2023 - Brasileiros no Campeonato Nacional de Tsugaru Shamisen

Era março de 2023, o frio do inverno estava dando lugar ao calor da primavera e foi um prazer enorme ver as flores de cerejeira desabrochando. Sensei nos levou para diversas apresentações que passou pelo centro da JICA em Yokohama, um restaurante super tradicional e um Izakaya (bar estilo japonês) em Saitama, entre outros.


Também fizemos um happyokai, que é um encontro com os alunos da escola de Shamisen, onde além de interagir, fizemos pequenas apresentações no lendário Izakaya Oiwake. Esse lugar é um tipo bar com música ao vivo de Minyo e qualquer um pode pedir ali uma música para cantar na frente de todos. Além de toda essa experiência, pudemos conhecer ao vivo os outros membros do grupo Abeya: Maya-san, Ginzaburou Sensei, Tatsu-san e Kouki-san. Toda essa ambientação e preparação foi super importante para o grande dia, o torneio.



Depois de muito esperar, chegou o grande dia! Em um domingo ainda frio, no dia 02 de Abril participamos do 26° Campeonato Nacional de Tsugaru Shamisen que foi realizado no Asakusa City Hall, bem ao lado do famoso Kaminarimon. Chegamos ali no Asakusa Hall, localizado bem na parte turística do bairro, subimos a escada para a sala de aquecimento e você via um barulho estrondoso de todos os Shamisens. E bem ali estavam tocadores do maior nível que só conhecia do YouTube, Instagram ou Spotify: Kinoshita Shinichi, Sawada Sensei, Asano Sho, Kiki e muitos outros. Parecia um sonho realmente.


Participar desse campeonato foi uma espécie de marco para mim pois nunca imaginaria estar ali tocando um solo, competindo com japoneses e sendo avaliado por grandes mestres do shamisen. Bom, chegando ali no prédio do evento, fomos dirigidos para outros andares onde o pessoal pode arrumar o instrumento, tocar e aquecer um pouco a mão antes da grande hora. Ali ficam todos tocando ao mesmo tempo e o barulho ensurdecedor, mas muito legal ver todo mundo ali concentrado! Bom, como de costume, só montei o shamisen e dei uma aquecida rápida porque ficar ali com todos não faz meu estilo.


Chegado a hora, subi naquele imenso palco, vestindo a camisa da seleção do Brasil e toquei meu solo. Saber que ali em cima estavam os grandes mestres te julgando deu um nervosismo mas saber que tantos anos de treinos e representar o país deu uma certa tranquilidade. Depois me disseram que haviam muitos amigos conectados ao vivo no YouTube mandando mensagens (muito obrigado pessoal!). Na ordem dos brasileiros, tivemos a Kiyo, Victor, eu e Rodrigo, sendo que fiquei na segunda parte do campeonato. Então deu tempo de dar uma saída, ver os outros tocarem e fazer muito barulho na torcida. Próximo da hora, você fica ali do lado do palco junto com os outros participantes esperando sua vez.



Foi uma tremenda experiencia. Sentir aquele palco e boas energias foi revigorante. Talvez por ser um estrangeiro e os primeiros latino-americanos que tocaram ali, os aplausos foram mais fortes. E essa sensação jamais vou esquecer. Nesse ano, a campeã do torneio foi uma mulher que inclusive, trabalha no Oiwake. Dentro dos 5 finalistas, que tocam outra vez para mostrar suas habilidades, difícil foi dizer quem ali foi o melhor.



De toda essa viagem e experiência, algumas coisas ficaram na minha cabeça. A primeira é que um dia esperamos ver um brasileiro dentre os finalistas. A segunda foi a vontade crescente de manter essa cultura do outro lado do mundo, na América do Sul. A terceira é que estar com esses 4 amigos no Japão foi uma experiencia que jamais esquecerei e para sempre os terei no meu coração. A última e não menos importante, foi o elo que só ficou mais forte, agora não só com Kinzaburou Sensei, se não que com os outros membros do Abeya e a família de cada um. E para não ser diferente, dessa vez o desafio veio de nós. Por que não ter o Abeya um dia na América Latina.

 



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