top of page

奄美民謡 - Shimauta, o Minyo de Amami

As Ilhas Amami estão situadas ao sul do Japão, mais especificamente no meio do caminho entre Kyushu e Okinawa, e se refere a oito ilhas habitadas: Amami Oshima, Kakeromajima, Yorojima, Ukeshima, Kikaijima, Tokunoshima, Okinoerabujima e Yoronjima. Atualmente, Amami Oshima possui pouco menos de 60 mil habitantes e em todo o arquipélago de Amami, 120 mil habitantes.



Por seu clima tropical e alto volume de chuvas, possui uma floresta exuberante e manguezais super densos. Pelo que andei lendo sobre Amami, as pessoas parecem ser super gentis e abertas, assim como as de Okinawa. E como sempre acredito que para conhecer um pouco mais sobre a música e cultura local precisamos conhecer sobre sua história, vamos lá.



A história de Amami Oshima

Sua história remonta da época em que era considerado um reino independente (inclusive é citado nos contos de Heike Monogatari quando derrotou o clã Taira, e este derrotado, fugiu para Amami e construiu castelo na ilha). Sua independência acabou quando foi invadida militarmente pelo reino de Ryukyu em 1447 (Amami Oshima) e 1466 (Kikaijima). Após alguns anos de reinado de Ryukyu, sofreu a invasão, perseguição e regras discriminatórias por parte do clã Satsuma (atual Kagoshima), principalmente no monopólio e exploração do cultivo de açúcar mascavo.


No final do período Edo, o domínio Satsuma estava com dificuldades financeiras. Diz-se que a cana-de-açúcar de Amami Oshima salvou o empobrecido Satsuma, que tinha um forte desejo de derrubar o xogunato. O clã vendeu o açúcar produzido em Amami Oshima e usou o dinheiro para comprar navios de guerra, e assim o clã foi restaurado.


Pulando para a segunda guerra mundial, sofreu alguns bombardeios, mas não chegou a ser invadida pelo exército norte americano porque o Japão desistiu da guerra um pouco antes. Com a vitória dos Estados Unidos, passaram por um plano que tinha como objetivo tornar o Ryukyu do norte e do sul (assim era chamado Amami e Okinawa pelos americanos, respectivamente) independentes do Japão mas o povo de Amami Oshima se recusou a assinar o documento. Entretanto, continuaram sob domínio americano até sua independencia em 25 de dezembro de 1953.


Atualmente, faz parte da província de Kagoshima e é um destino turístico pouco conhecido, mas super rico em cultura, história, paisagens exuberantes e uma música cheia de encantos e profundidade, o Shimauta.




Shimauta, o minyo de Amami

Acredito que assim como que aconteceu em Okinawa, os períodos de escassez alimentar e de trabalho fizeram com que muitos dos locais fossem buscar melhores condições de vida em outros lugares (desde o Japão ou até outros países). Por esse motivo, as músicas de Amami carregam um sentimento pesado de despedida, separação e de muita luta pela sobrevivência, colocando sempre na letra um sinal de esperança de tempos melhores.


Suas letras são um tesouro com inúmeras lições, ensinamentos necessários para viver a vida em harmonia com as pessoas ao nosso redor, sobre a importância de um coração caloroso, da humildade e o fato de que as pessoas não poderem viver sozinhas, todas transmitidas tal como os ancestrais ensinaram.


Dizem que cantar Shima Uta equivale a ter aprendido metade da vida

As crianças provavelmente ouviam essas canções de suas mães como canções de ninar, herdando naturalmente os ensinamentos dos ancestrais e adquirindo a sabedoria para viver como seres humanos.


Atualmente, com as mudanças sociais após a guerra, o desaparecimento dos dialetos de Amami (Shimaguchi) e o desaparecimento dos locais para cantar (Utaashibi), o minyo enfrenta vários problemas de transmissão, mas espero sinceramente que eu possa continuar trabalhando para manter e poder passar essa cultura para as próximas gerações.


As conexões humanas não se limitam apenas aos eixos horizontais neste mundo, como a família, amigos e companheiros. Desde os ancestrais do passado até você mesmo, e de você aos descendentes do futuro. As pessoas se conectam através do tempo em um eixo vertical, e quando percebem isso, veem a eternidade nisso.

Por esse motivo, nos vídeos que encontro sempre vejo pessoas cantando com a alma e muitas lágrimas nos olhos, pois é a forma tem de se conectar com seus antepassados.



Característica da melodia

Além disso, diferente do minyo de Okinawa, usam uma escala pentatônica semelhante ao do Japão central e é um dos poucos estilos de música tradicional que se usa o falsete, trazendo mais ainda um sentimento de tristeza.


Mas também existem músicas alegres como o Rokutyo que se parece muito com um grande katyashi! Atualmente tenho o imenso prazer de aprender o Shimauta com Takeshita Kaori sensei, filha do lendário Takeshita Kazuhira sensei (último vídeo).





Fontes

https://amamiminyou-takeshitaryu.com/

30 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


  • Facebook B&W
  • Branca Ícone Instagram
bottom of page