Caros leitores, uma pergunta bastante frequente que recebo é onde fazer aulas de koto, a harpa japonesa.
Eu faço parte do grupo Seiha Brasil de Koto (Instagram @seihabrasil), uma filial de uma das escolas mais antigas e tradicionais do Japão, a Seiha Hougaku. Nossa professora e líder é a mestra Utahito Kitahara, que leciona aulas de koto e sangen (o shamisen clássico) na Vila Mariana (São Paulo).
Tive a sorte de encontrar nesse grupo uma professora que ensina não só o instrumento, mas também sobre a cultura japonesa e muitos ensinamentos que levo por toda a vida. E muito importante também é ser parte de um grupo unido e harmônico, que busca estar em constante mudança e melhora, e ao mesmo tempo, manter as raízes tradicionais.
Preciso ter o instrumento para começar a praticar?
Para começar a fazer aulas, sempre recomendo ir às aulas e decidir comprar o koto somente depois de um certo tempo de prática, uma vez que o investimento é consideravelmente alto pois infelizmente não existem fabricantes no Brasil e precisam os instrumentos precisam ser importados.
Entretanto, com o tempo é importante ter seu instrumento para poder se dedicar em casa e aproveitar bem as aulas. Além do instrumento, é importante adquirir os tsumes (unhas) utilizados para tocar e as partituras.
Existem diferentes estilos de koto?
A resposta é sim! De forma a simplificar as explicações, diria que existem o koto de Okinawa e o koto japonês, cada um com suas peculiaridades e repertório (abaixo postei dois exemplos na respectiva ordem). Dentro de cada uma dessas opções existe um mundo!
Dentro do koto japonês, existem dois grandes estilos que é o Ikuta ryu e o Yamada ryu. No Brasil existem escolas apenas do estilo Ikuta, do qual a escola Seiha faz parte.
Certificação para mestre
Para algumas pessoas, o objetivo com o instrumento vai além de um hobbie. Um pouco diferente do mundo da música folclórica, o mundo clássico tem uma série de regras estabelecidas, etiquetas e etapas a serem seguidas. E para dar aulas, existe um menkyo (diploma) que é emitido pelo Ministério da Educação do Japão que te habilita a dar aulas.
Na nossa escola, passamos por 4 certificações iniciais que avaliam algumas músicas pré-estabelecidas, para então estarmos aptos a fazer a prova de mestre. Nessa prova somos avaliados por pelo menos 2 mestres e passamos por uma prova dividida em duas etapas: prova teórica e prova prática.
Na prova prática apresentamos um repertório divido em 4 categorias: música clássica (koten), música clássica “moderna” (shin koten), lírico (kakkyoku) e músicas instrumentais. Como resultados dessa diplomação, recebemos um nome artístico e um diploma assinado pelo Ministério da Educação do Japão.
Na minha opinião, mais que um papel pregado na parede, ter um diploma é uma amostra não só a capacitação e conhecimento que tem a pessoa, mas principalmente de esforço, renuncia e dedicação por parte do aluno, como se fosse uma formação profissional de qualquer carreira.
Nossa mestra Utahito Kitahara é atualmente daishihan, o mais alto grau concedido a um professor de koto e shamisen, título esse que é dado não somente pela capacidade técnica e de ensino, mas também um reconhecimento pelos anos de dedicação disseminando essa linda arte.
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