Um dos instrumentos mais conhecidos do Japão, o shamisen, cujo ideogramas querem dizer "três cordas que emitem três sabores", é um instrumento que atravessou séculos pela história japonesa acompanhando o canto do dia a dia dos japoneses. O instrumento é composto de 3 cordas e possui um braço sem trastes (marcações) e é tocado por um plecto chamado bachi.
Classificando pela sua forma física, existem 3 tipos: hosozao, tyuzao e futozao. O que diferencia são os tamanhos e grossuras dos braços, caixa do instrumento (dou) e as cordas utilizadas. Cada de um desses tipos se atribui a diferentes estilos de músicas tradicionais japonesas. O shamisen é utilizado em inúmeros tipos de música tradicional japonesa, desde o Minyo (música folclórica) até o Nagauta (música de teatro kabuki) até o estilo Jiuta (estilo clássico).
Origem
De acordo com os registros históricos, o shamisen teve um ancestral do Egito, chamado “nefer” que também possuía 3 cordas e a parte de percussão era coberto por uma pele.
Passando pelo oriente médio, mais especificamente no Irã (antiga Pérsia), o instrumento se desenvolveu para o “setar” ( سه تار, seh, significa "três" e tār, significa "cordas"), o que é uma alusão à forma original do instrumento. Existem atualmente variações do instrumento, inclusive com muito mais cordas, como o "tar".
Por volta do século XII, deu-se origem à cítara indiana pelo poeta e músico Amir Khusrau. Originalmente, o instrumento era composto por 5 cordas, mas mais tarde foram 7 e, finalmente, 11 cordas, esticadas dentro ou sobre uma caixa de ressonância. A cítara ficou mais conhecida no Ocidente depois que começou a ser utilizado por músicos e bandas do Ocidente como os Beatles.
Na mesma época que a cítara na Índia (volta do ano de 1390), durante a dinastia chinesa Yuan (1272-1368), um instrumento chamado Sanxian (ou xianzi) com couro de cobra e três cordas foi desenvolvido. Existem duas versões, uma do norte do país que é maior e com um som mais metálico, e uma do sul, de tamanho menor. Este instrumento é mais popular no norte da China e é tocado com uma espécie de palheta acompanhando músicas folclóricas e óperas.
A chegada ao Japão
Durante a dinastia Ming (1368-1644), este instrumento foi levado pela província de Konan ao reino de Ryukyu (atual Okinawa) e originou o sanshin e o instrumento passou por algumas modificações até chegar ao formato conhecido nos dias de hoje. Após quase 100 anos, um grande compositor chamado Akainko sofisticou o instrumento e compôs inúmeras peças, estabelecendo o início da música de Ryukyu.
Aproximadamente em 1562, o instrumento foi introduzido no Japão por navios mercantes. Os locais de chegada foram dois portos importantes, em Kansai, nas cidades de Sakai e Osaka e no porto de Hakata (província de Fukuoka, ao sul da ilha principal do Japão) em Kyushu.
O instrumento se fundiu a cultura do kamigata e após 30 anos de experimentos e upgrades, no início do período Azuchi o formato do shamisen conhecido até hoje começou a ser estabelecido. Uma vez que pele de cobra era difícil de se encontrar, em Sakai o instrumento passou a ser coberto por couro de cachorro ou de gato. Mais ao norte, quando chegou na região de Aomori, nasce o Tsugaru Shamisen. Para conhecer um pouco mais sobre os diversos estilos de shamisen, clique aqui!
O instrumento pode ser feito de vários tipos de madeira, mas os instrumentos mais nobres são feitos de uma madeira chamada kouki (赤木 - "árvore vermelha"), que tem como característica uma madeira bastante dura e pela densidade, afunda na água. Dizem que essa madeira é utilizada na construção de barcos para balancear o quanto profundo deve submergir o barco.
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