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大胡弓 - Daikokyu

Dentro da família de violinos japoneses『和胡弓』- "wakokyu", iremos apresentar hoje o Daikokyu. O mestre Michio Miyagi, além de ter inventado o Jyushitigen, também criou um violino a partir do kokyu convencional, com tamanho maior com o objetivo de obter um som mais alto e robusto, batizando-o de daikokyu, por ser praticamente o mesmo kokyu com dimensões maiores (大 - "dai" - significa grande).



Achei super interessante os kanjis (ideogramas) que formam o kokyu, e isso ajuda muito a explicar sua origem. O kanji "ko" 『胡』significa povos bárbaros da antiga China, portanto, podemos presumir que sua origem realmente é chinesa a partir do violino chinês erhu『二胡』- que significa literalmente "duas cordas" e possui o mesmo ideograma. Já o último ideograma é o "kyu" 『弓』, que significa arco, utilizado para tocar o instrumento.


Desde o início da pandemia, tenho a honra de estudar esse instrumento com o mestre Utanoichi Okuda, vice-iemoto da escola Seiha Hougakku.




Perguntas frequentes


  1. Existem pessoas no Brasil ou América Latina capacitadas para ensinar? Infelizmente ainda não existem pessoas diplomadas ou com larga experiência para ensinar o instrumento da forma correta. Por esse motivo tenho aulas com professores do Japão, pois vi uma complexidade enorme no instrumento

  2. É possível comprar o instrumento no Brasil? Também ainda não existem fabricantes locais e os instrumentos precisam ser comprados no Japão

  3. Qual a grande dificuldade no instrumento? Acho que primeiro é tirar um bom som do instrumento. No início, o som parece meio "rachado", como se fosse um gato gritando. Mas a persistência e boa técnica faz com que esse som se torne leve e agradável (ainda estou no caminho). A segunda, é a postura. Manter o arco na corda da forma correta e apoiado na corda sem um suporte é um exercício não só para o braço e ombro, mas também para o abdômen e é necessário um bom uso da respiração. A terceira é ter que construir todas as partituras, porque não existem muitas publicadas.

  4. Posso tocar o kokyu sem ter tocado os outros instrumentos japoneses como o koto e shamisen? Sim, sem dúvida alguma. Mas como o instrumento acompanha as músicas clássicas ou minyo e ter esse conhecimento prévio do repertório ajuda muitíssimo. Nessas músicas, o papel do instrumento é realizar linhas musicais diferentes dos outros instrumentos e do canto, portanto, conhecer as músicas é imprescindível.

  5. O que você mais gosta no kokyu? Depois de estar praticando o instrumento por quase 3 anos, vou chegando a conclusão que ele é um instrumento muito metafórico. O que isso quer dizer? Tanto sua melodia, som, como seu movimento físico, tem que representar o significado da canção e sua atmosfera. Vou dar exemplo da música Kurokami, que é uma fala de uma mulher que está a espera do seu amado que nunca mais retornará. Como o som do kokyu é um pouco estridente, tenho que tomar o maior cuidado para tocá-lo de forma suave, com muita dinâmica (desde sons suaves para indicar sua tristeza, assim como sons mais fortes para mostrar sua raiva ou melancolia), junto com um movimento de arco que seja característico de toda essa atmosfera. Não posso simplesmente correr o arco com movimentos rápidos e dinâmicos pois quebraria toda essa atmosfera para quem está vendo a apresentação. Todos esses sentidos (visão, auditivo, tátil) deve ser passada e interpretada em sua integralidade para que o público possa sentir a canção.



Fontes


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